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segunda-feira, março 28, 2005

Causas da Homossexualidade

Drauzio Varella

Existe gente que acha que os homossexuais já nascem assim. Outros, ao contrário, dizem que a conjunção do ambiente social com a figura dominadora do genitor do sexo oposto é que são decisivos na expressão da homossexualidade masculina ou feminina.Como separar o patrimônio genético herdado involuntariamente de nossos antepassados da influência do meio foi uma discussão que monopolizou o estudo do comportamento humano durante pelo menos dois terços do século XX.Os defensores da origem genética da homossexualidade usam como argumento os trabalhos que encontraram concentração mais alta de homossexuais em determinadas famílias e os que mostraram maior prevalência de homossexualidade em irmãos gêmeos univitelinos criados por famílias diferentes sem nenhum contato pessoal.Mais tarde, com os avanços dos métodos de neuro-imagem, alguns autores procuraram diferenças na morfologia do cérebro que explicassem o comportamento homossexual.Os que defendem a influência do meio têm ojeriza aos argumentos genéticos. Para eles, o comportamento humano é de tal complexidade que fica ridículo limitá-lo à bioquímica da expressão de meia dúzia de genes. Como negar que a figura excessivamente protetora da mãe, aliada à do pai pusilânime, seja comum a muitos homens homossexuais? Ou que uma ligação forte com o pai tenha influência na definição da sexualidade da filha?Sinceramente, acho essa discussão antiquada. Tão inútil insistirmos nela como discutir se a música que escutamos ao longe vem do piano ou do pianista.A propriedade mais importante do sistema nervoso central é sua plasticidade. De nossos pais herdamos o formato da rede de neurônios que trouxemos ao mundo. No decorrer da vida, entretanto, os sucessivos impactos do ambiente provocaram tamanha alteração plástica na arquitetura dessa rede primitiva que ela se tornou absolutamente irreconhecível e original.Cada indivíduo é um experimento único da natureza porque resulta da interação entre uma arquitetura de circuitos neuronais geneticamente herdada e a experiência de vida. Ainda que existam irmãos geneticamente iguais, jamais poderemos evitar as diferenças dos estímulos que moldarão a estrutura microscópica de seus sistemas nervosos. Da mesma forma, mesmo que o oposto fosse possível - garantirmos estímulos ambientais idênticos para dois recém-nascidos diferentes - nunca obteríamos duas pessoas iguais por causa das diferenças na constituição de sua circuitaria de neurônios. Por isso, é impossível existirem dois habitantes na Terra com a mesma forma de agir e de pensar.Se taparmos o olho esquerdo de um recém-nascido por 30 dias, a visão daquele olho jamais se desenvolverá em sua plenitude. Estimulado pela luz, o olho direito enxergará normalmente, mas o esquerdo não. Ao nascer, os neurônios das duas retinas eram idênticos, porém os que permaneceram no escuro perderam a oportunidade de ser ativados no momento crucial. Tem sentido, nesse caso, perguntar o que é mais importante para a visão: os neurônios ou a incidência da luz na retina?Em matéria de comportamento, o resultado do impacto da experiência pessoal sobre os eventos genéticos, embora seja mais complexo e imprevisível, é regido por interações semelhantes. No caso da sexualidade, para voltar ao tema, uma mulher com desejo sexual por outras pode muito bem se casar e até ser fiel a um homem, mas jamais deixará de se interessar por mulheres. Quantos homens casados vivem experiências homossexuais fora do casamento? Teoricamente, cada um de nós tem discernimento para escolher o comportamento pessoal mais adequado socialmente, mas não há quem consiga esconder de si próprio suas preferências sexuais.Até onde a memória alcança, sempre existiram maiorias de mulheres e homens heterossexuais e uma minoria de homossexuais. O espectro da sexualidade humana é amplo e de alta complexidade, no entanto; vai dos heterossexuais empedernidos aos que não têm o mínimo interesse pelo sexo oposto. Entre os dois extremos, em gradações variadas entre a hetero e a homossexualidade, oscilam os menos ortodoxos.Como o presente não nos faz crer que essa ordem natural vá se modificar, por que é tão difícil aceitarmos a riqueza da biodiversidade sexual de nossa espécie? Por que insistirmos no preconceito contra um fato biológico inerente à condição humana?Em contraposição ao comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse, ela simplesmente se impõe a cada um de nós. Simplesmente, é!

fonte: http://www.drauziovarella.com.br/artigos/homossexualidade.asp
Autorizado pelo autor.

sexta-feira, março 18, 2005

Duas questões: Cristo existiu? O apóstolo Paulo era misógino?

José Carlos Bignardi

Vez por outra, aqueles que navegam pela Internet vêem-se às voltas com alguns ensaios que lançam dúvidas sobre a existência física de Cristo ou, o que é mais comum, acusações de que Paulo era um misógino, escravocrata e defensor do "status quo" social. As motivações para tanto são as mais variadas e vão desde justo ressentimento contra os desmandos e atrocidades que em nome do Cristianismo forem feitos indo até ao inconformismo de alguns que, embora se dizendo materialistas, ora usam desses expedientes para provocar o debate ora apenas se divertem com as paixões que afloram.
As afirmações de que não existem provas da existência do Cristo não se sustentam à menor das análises. Obviamente não temos o registro de nascimento de Cristo ou cópias do processo de sua condenação pelos romanos. Entretanto, diferentemente das meramente mitológicas, existem narrativas fundadas em pesquisas sérias de pessoas que viveram muito próximo do período em questão. O próprio Paulo viveu, embora não tenha sido um discípulo de Cristo, com seus contemporâneos. Também Lucas, o médico, dedicou grande parte de seu tempo pesquisando acuradamente os acontecimentos para orientar seu amigo Teófilo. Mais antigo que o documento de Lucas é o protomarcos, primeiro esboço extraído diretamente da tradição oral que serviu de base para os demais evangelhos. Além disso, os fatos narrados estão perfeitamente encaixados no contexto histórico da época. Cabe aqui esclarecer que quando exegetas e biblicistas afirmam ter perdido o Cristo Histórico buscam salientar apenas a impossibilidade de se recuperar uma biografia do Cristo porque os fatos descritos estão “contaminados” pela percepção que os narradores tinham da ação do Cristo. Por isso costuma-se dizer que ao invés do Cristo histórico temos o Cristo proclamado ou o Cristo do Kerygma. Portanto muito embora não seja possível o resgate dessa biografia, a quantidade enorme de documentos disponíveis atesta não apenas a historicidade física do Cristo como também do profundo impacto que causou sobre seus contemporâneos. Semelhantes dúvidas já foram lançadas em outros fóruns sobre outros personagens da história antiga, como Sócrates, Platão e até mesmo William Shakespeare e igualmente foram refutadas.
No caso de Paulo ,embora comuns mesmo entre exegetas, são injustas as acusações de misoginia, escravagismo e de ortodoxia conservadora que pesam contra ele. A acomodação cultural que os valores distorcidos a ele atribuídos representou, e ainda representam, dificultam bastante o resgate da imagem do verdadeiro Paulo, razão pela qual somos forçados a lançar mão de alguns detalhes técnicos de como se deu a origem e formação do Cannon bíblico, particularmente o neotestamentário.
Primeiramente urge esclarecer que não possuímos um único original dos escritos do NT. Tudo o que temos são cópias (e algumas cópias de cópias). As mais antigas estão em forma de papiro, que podiam ser escritas dos dois lados e ainda eventualmente eram lavadas ou raspadas para reaproveitamento em outras mensagens. Temos uma infinidade enorme de fragmentos de textos que são usados para se comparar com cópias mais novas. Além disso, nenhum dos autores do Novo Testamento pensava estar escrevendo um texto “sagrado”. O termo “escritura” usado por eles referia-se a alguns livros do A.T. usado pelos judeus, uma vez que o Cannon do Antigo Testamento estava aberto a discussões. Basta lembrar que o Pentateuco havia se consolidado há pouco tempo (séc. III a.C.) e que os trinta e nove livros do Cannon Massotérico (usado nos círculos rabínicos) não era adotado pela nova seita.
Importante frisar que os apóstolos e a comunidade primitiva, ainda impactados com a ressurreição de Cristo, criam estar vivendo os dias que antecediam o Julgamento Final de Deus sobre a humanidade. Portanto não havia tempo a perder com querelas religiosas, importava avançar e levar a mensagem da qual eles eram os portadores. Para desespero dos que defendem a “INSPIRAÇÃO DIVINA E INERRANCIA DAS ESCRITURAS”, ninguém (absolutamente ninguém) estava preocupado em escrever livro ou texto sagrado. Cada qual defendia sua maneira de ver a fé da melhor forma possível e tendo assumido, tanto para si como para a comunidade onde viviam, todos os riscos de estar enganado e ter que rever suas posições, como efetivamente aconteceu por muitas vezes, ou de ter que viver, harmoniosamente ou não, com visões antagônicas sobre um mesmo assunto (como o caso de Paulo e os Judaizantes). NÃO havia uma verdade única, indiscutível ou divinizada. Além disso, a identificação dos apóstolos e seus seguidores imediatos como portadores da mensagem da nova fé fez com que cartas, textos ou documentos atribuídos a eles fossem reproduzidos, adaptados e repassados para outras comunidades, que por sua vez faziam o mesmo.
À medida que aquelas comunidades foram se institucionalizando (mesmo de maneira informal) as disputas internas por espaço se intensificou. Copistas não se limitaram a copiar, mas também a introduzir sua interpretação pessoal sobre os temas abordados em suas cópias. Mais ainda, muitos deles inseriram textos contendo os posicionamentos de seus grupos nas cartas dos apóstolos. E os textos de Paulo, pela respeitabilidade alcançada em vida, foi vítima preferencial do clero em formação.
Paulo, a partir de Damasco, passou por um processo de reformulação de seu universo conceitual. Da ortodoxia radical caminhou para posições de vanguarda mesmo para os dias de hoje. Falava de uma fé voltada para a emancipação do Homem frente às religiões e seus códigos. Ao discutir com os judaizantes reinterpretou os símbolos cultuais, culturais e históricos da tradição judaica classificando-as como rudimentos ou sombras de uma proposta de vida que somente alcança sua maturidade em Cristo. Para Paulo Cristo manifestou a face de um Deus que, mesmo sendo soberano absoluto, se doa em amor porque é amor. Nada parecido com o jogo de regras e com a arrogância dos sacerdotes que “apropriavam-se” do divino para manipular a liberdade alheia. Por isso existem razões de sobra para afirmarmos que alguns trechos das cartas paulinas não são da lavra do apóstolo Por exemplo : Por que um homem que combatia os conceitos de divindade do estado romano (César era considerado como um deus) escreveria “· Romanos 13: 1-4 : Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. “ ?
Esse texto não encontra eco na situação do apóstolo e nem na da igreja primitiva. Uma comunidade em que seus integrantes acusados de traição ao estado romano eram lançados às feras no circo romano não poderia jamais produzir um texto assim. O próprio Paulo recorreu por diversas vezes ao seus privilégios de cidadão romano para escapar à morte. Muito embora não reste dúvidas quanto à autoria de Paulo sobre a carta aos romanos, este trecho comprovadamente é inserção tardia indevida de algum copista que pretendeu aproveitar-se do prestígio de Paulo (provavelmente pós-conversão de Constantino) para legitimar a ação do Estado.
Outra questão igualmente séria está relacionada com a própria gênese da formação do Cannon. Entre os diversos documentos encontrados a igreja tinha que decidir qual deles era relevante para a fé. Um dos critérios usados era o da autoridade de quem escreveu o documento. Nesse sentido os documentos atribuídos aos apóstolos eram analisados e aceitos ou não como bíblia. Essa disputa se deu de maneira apaixonada entre os estudiosos. Obviamente não bastava ter a assinatura do apostolo, mas era necessário que ficasse, entre outras coisas, demonstrada uma linha de coerência com a totalidade de documentos encontrados e já aceitos. E como era de se esperar conceitos de certo ou errado vigentes bem como interesses imediatos influíram decisivamente nessa escolha. Mais ainda, é de conhecimento comum que ao apreciar um texto, não raro, a interpretação do leitor desfigura ou corrompe diametralmente o sentido pretendido pelo autor.
Exemplo claro está na fama de ser conservador e apoiar a manutenção do “status quo” social que Paulo carrega até os dias de hoje. A carta a Filemon, cuja autenticidade não pode ser contestada, é ilustrativa do que tento demonstrar. Nessa carta Paulo manda um escravo fugitivo de volta a seu dono com algumas recomendações.
Filemom 1:11-19 "Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim. Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração. Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho; nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade. Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor. Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo. E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta. Eu, Paulo, de próprio punho, o escrevo: Eu pagarei - para não te alegar que também tu me deves até a ti mesmo.”
Quase unanimidade entre os estudiosos a afirmação de que Paulo, dominado pela expectativa da parousia (segunda vinda de Cristo) iminente, relevava para segundo plano as questões de injustiça social. Teria ele encontrado esse escravo fujão que se convertera à nova fé e, como resultado dessa conversão, exigia dele a volta às antigas condições de submissão ao seu senhor. Para tanto Paulo teria escrito a carta a Filemon intermediando para que Onésimo, o escravo fujão, fosse poupado das punições a que fizera jus.
Entretanto ao lermos o texto encontramos coisa bem diversa. Paulo usa uma retórica em que constrange o antigo dono de Onésimo a passar a tratá-lo não mais como escravo, mas sim como a um hospede de honra. Como se estivesse recebendo ao próprio Paulo, cidadão de Roma. Mais ainda, Paulo oferece-se para pagar possíveis prejuízos, que Onésimo tenha causado (talvez por roubar a si mesmo do dono??) usando de uma certa ironia e lembrando que o próprio senhor de Onésimo devia “a si mesmo a Paulo”, e que esse igualmente e por amor cristão havia renunciado a esse direito. Com isso Paulo coloca em relevância a qualidade do ato.
Portanto, a meu ver, a carta não deixa alternativas ao seu destinatário senão a liberdade de Onésimo, que doravante seria visto, não mais como fugitivo, mas como uma testemunha viva da liberdade exigida pela ética cristã.
Mas de onde teria saído a interpretação de que Paulo apóia a escravidão?
A resposta está em um trecho da carta atribuída ao apóstolo Paulo endereçada a Tímoteo:
· I Timóteo 6:1-2 Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. Também os que têm senhor fiel não o tratem com desrespeito, porque é irmão; pelo contrário, trabalhem ainda mais, pois ele, que partilha do seu bom serviço, é crente e amado. Ensina e recomenda estas coisas.”
Com certeza as preocupações da burguesia fizeram parte, conscientemente ou não, dos critérios que determinaram a canonicidade dos documentos. E nesse sentido as epístolas a Timóteo, assinadas com o nome de Paulo, serviram como um alívio aos que abraçavam a nova fé e não desejavam desfazer-se de seus privilégios. As duas epístolas a Timóteo, a exemplo das outras pastorais, sabemos hoje que não foram elaboradas por Paulo e nem mesmo por alguém que comungava de seus valores. As cartas apresentam divergências profundas com conceitos fundamentais defendidos por Paulo. Os fatos históricos narrados não combinarem com a época de sua pretensa composição e são flagrantes as diferenças com o estilo literário Paulino. Enfim hoje daria um tremendo processo de FALSIDADE IDEOLÓGICA. Apesar disso tudo foram incluídas no cânone bíblico como LIVRO INSPIRADO POR DEUS, usando para tanto o fato de serem atribuídas a Paulo. (observe-se que estamos falando de cópias, portanto não há como ver a assinatura e naquele tempo as fotocopiadoras não existiam ainda rs rs rs) Com certeza tratam-se de documentos da igreja primitiva tardia.
Não estou dizendo que os analistas da época não discutiram se a carta era de Paulo ou não. Creio que houve uma busca sincera em selecionar os documentos que fossem autênticos ocorre porem que não possuíam os instrumentais de análise que dispomos hoje. É meu propósito apenas demonstrar que os critérios, pouco importando a motivação, estavam fortemente influenciados por “AQUILO QUE ELES ESPERAVAM QUE PAULO DISSESSE”
Essa pré-disposição para submeter Paulo a interesses da burguesia é tão evidente que mesmo os textos que indiscutivelmente são de sua lavra e que contrariam frontalmente esses interesses até hoje são usados para reforçar o argumento de que Paulo era conservador. Exemplos claros são os trechos assinalados abaixo:
“· I Coríntios 7:21 Foste chamado, sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade. Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo. Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens. Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo em que foi chamado.”
“Gálatas 5:1 Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.”
No primeiro texto os exegetas evidenciam as parte do texto que dizem “NÃO TE PREOCUPES COM ISSO” e “CADA UM PERMANEÇA DIANTE DE DEUS NAQUILO EM QUE FOI CHAMADO”. E o restante todo que fala em liberdade em aproveitar-se pra escapar do jugo escravo não mencionam.
No texto de Gálatas, preferiram REDUZIR os conceitos de "liberdade e escravidão" a símbolos meramente de estado de espírito. Sem duvida alguma um texto não Paulino conspurcou a imagem de Paulo por séculos.
Outra acusação que é feita amiúde contra Paulo é de que ele era excessivamente machista.
· I Coríntios 14:29-33a Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas; porque Deus não é de confusão, e sim de paz.
I Coríntios 14:33b-36 Como em todas igrejas dos santos conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja. Por acaso a palavra de Deus se originou no meio de voz ou veio ela exclusivamente para voz outros?”
· I Coríntios 14:37-38 Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo. E, se alguém o ignorar, será ignorado.

Nesse caso não há o que se discutir sobre a autoria da carta. Entretanto o texto compreendido entre I Corintios 14:33b até I Corintios 14:36 (texto em vermelho) embora não tenham conseguido demonstrar cabalmente, considera-se que seja uma interpolação não Paulínia. Para não entrar muito nos detalhes da análise façamos uma simulação simplesmente suprimindo o texto sublinhado dos trechos que lhe são adjacentes. Assim sendo teremos:

· I Coríntios 14:29-33a Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas; porque Deus não é de confusão, e sim de paz.
· I Coríntios 14:37-38 Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo. E, se alguém o ignorar, será ignorado
.

Percebe-se claramente que o sentido do texto se completa com muito mais propriedade quando retiramos o trecho onde ordena que as mulheres se calem.
Além disso, Paulo escrevia para uma comunidade especifica, com problemas próprios e as instruções pretendidas nesse trecho são sobre o uso dos “carismas ou dons” não sendo cabível a intempestividade da repreensão contra uma pretensa “algazarra feminina” dentro da igreja. Acrescente-se ainda que o FALSARIO trai-se quando amplia a validade de sua regra para além da comunidade destinatária dando-a como certa, legal e universal. Portanto uma vez mais vemos um trabalho de falsificação sendo elevado à categoria de PALAVRA DIVINA. E o mais grave é que isso manteve as mulheres cristãs no anonimato e em posição de inferioridade por muitos séculos. Na verdade até os dias de hoje se usam esses argumentos em muitas igrejas para que a mulher não tenha voz e que assumam um papel de submissão frente ao marido. Por isso não conhecemos mulheres chefiando as paróquias. Por isso as mulheres com vocação religiosa são, quase sempre, enviadas para a vida monástica. Alguém ai conhece alguma Cardeal? Ou, com exceção da controversa papisa Joana que teria engravidado durante sua estada no vaticano, alguma outra papisa? Mesmo entre os protestantes são raros os exemplos de mulheres em posição de mando dentro da estrutura clerical e ainda se discute se é válida a sua ordenação ou não.

Ora, toda a postura do Paulo pós Damasco, mostra um homem vibrante e disposto a dar a vida por considerar todos iguais diante de Deus. Ele bate de frente com o conceito nacional israelita de "nação eleita" por Deus detentora privilégios especiais. Baseado nesse conceito os israelitas criam que Deus os havia elegido como um povo de sua propriedade particular (por serem filhos de Abraão) e que as demais nações existiam para servi-los. Portanto era pecado roubar de israelitas, mas não era pecado roubar de outros povos. Era pecado escravizar israelitas, mas não era pecado escravizar povos vizinhos... etc etc etc
Foi o ativismo de Paulo em prol da igualdade entre todos que fez com que perdesse o apoio entre os judeus e tornou insustentável sua situação entre os romanos terminando por motivar sua condenação à morte por decapitação.
Paulo era um homem perfeito? Obviamente que não. À semelhança de qualquer outro ser humano ele também viveu fortemente influenciado pela cultura de sua época. A universalidade de Paulo é uma universalidade enraizada em seu tempo. Paulo não era nenhum espírito desencarnado, extra terrestre ou “passageiro do tempo”. Paulo estava consciente de suas limitações e via no amor incondicional vivido pelo Cristo a condição única para superá-las. Por isso assim escreveu sobre si mesmo e sua época:

O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos . Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. I Cor. 13:9-12


E em outro trecho, adverte a seus leitores para que não se acomodem com o que é dado e persigam a renovação constante:

E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2
O assunto é vasto e complexo, mas espero ter contribuído de alguma forma para desfazer algumas injustiças históricas lançadas contra Paulo ou, no mínimo, semeado razoável grau de dúvida sobre afirmações infundadas que lhe são atribuídas.