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sexta-feira, outubro 15, 2004

Teologia Indecente - Breves Comentários

Muitos homossexuais, desejosos que estão de terem reconhecidas a legitimidade de sua orientação sexual, vêem no apelo tipo: Cristo era gay (de um teólogo metodista), “deus” é bi-sexual ou na sugestão de criemos uma “teologia indecente”, a possibilidade de conseguirem seus objetivos. Entretanto a falta de honestidade tem sido a marca comum dessas propostas que acabam por comprometer o esforço daqueles que trabalham com seriedade para a superação dos preconceitos.
No presente caso, em que pese os títulos da autora, o artigo trata a TL (TL = TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO) com superficialidade e com desdém. Reduzir a figura do “pobre” à condição meramente econômica ou geográfica é de um simplismo que sugere duvidas sobre a qualidade dos títulos que essa senhora ostenta. Qualquer seminarista minimamente informado sabe que a TL é produto de um fenômeno histórico social iniciado nos anos 60 que encampou as ansiedades libertárias de negros, índios, irlandeses, latinos americanos, da mulher, dos homossexuais e etc. Na verdade, o correto seria falarmos em teologias da libertação, tamanha a diversidade que o termo “pobre” pode significar em cada contexto. Baseada no reconhecimento de que toda hermenêutica bíblica esta “contaminada” por pré-condicionantes derivadas da práxis, a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO remete a ação profética da igreja para permanente crítica que denuncie os mecanismos de “não vida” que abundam na estrutura social vigente. Herdeira das experiências teológicas do final do século XIX e até meados do século XX, incorporou em sua análise os trabalhos da crítica histórica formal desde de David Strauss até Rudolf Bultmann, da teologia da esperança, da filosofia existencialista de Hegel, da teologia existencialista de Paul Tillick e da teologia política de Metz. Obviamente, alguns pensadores da teologia da libertação articularam seus discursos inspirados em neo-marxistas como Ernst Bloch, Ernest Marcuse e outros. E usando isso como apoio, os teólogos da Europa e da América do Norte, tomam a parte pelo todo para simplesmente rejeitar qualquer pensador não pertencente ao eixo Europa – América do Norte (De Nazaré pode sair alguma coisa boa? João 1:46). A TL incomoda pelo preconceito de que não somos capazes de pensar (Onde estão os discípulos de Boff? Pergunta a teóloga da indecência.) e porque insiste em exibir as cicatrizes e feridas ainda abertas, que durante séculos forma justificadas pelas teologias produzidas naqueles centros.
O desconhecimento dos conceitos básicos da teologia que ela se propõe a criticar lançam, de imediato, sombras sobre o grau de comprometimento ético que norteia a fala de nossa teóloga. Pior que o desconhecimento exibido é ela, após descaracterizar a TL considerando-a como estagnada e incompleta, se apropriar dos fundamentos dessa mesma teologia para reeditá-los travestidos de “Teologia da Indecência”. Perdoem-me amigos, mas de indecente nisso tudo vejo apenas as intenções ou ilusões da autora.
Apenas para registrar: Estou ciente que as correntes teológicas, sejam quais forem, estão fadadas ao “encapsulamento temporal” produzido quando esgotam-se as transformações que reivindica . Estou ciente também que por maior que seja esse “encapsulamento” os frutos dessas teologias nos remetem sempre para o novo (Se a semente não cair na terra e não morrer, como se produzirão os frutos?). Obviamente o desafio constante da Igreja a “não se conformar com esse século” exige, a cada instante, novas leituras da realidade que apontem na direção da ação “salvadora” do Cristo que vive na Igreja. Mesmo o fundamentalismo que criticamos e ao qual atribuímos muitas das mazelas da comunidade cristã atual, teve seu papel libertador e revelador da face de Deus. Portanto, meu objetivo não é defender a TL ou qualquer outra corrente teológica, mas explicitar a desinformação semeada nessa entrevista com objetivos que sugerem interesses muito distantes de qualquer discussão teológica séria.
Fraternalmente,
JotaC